A Revolução da Inteligência Artificial no Combate a Doenças Complexas
- Diogo Carvalho
- 10/01/2025
- 17:55
Nos últimos anos, a Inteligência Artificial (IA) tem se mostrado uma ferramenta promissora no campo da medicina, transformando a forma como novas terapias são desenvolvidas e medicamentos são descobertos.
Agora, cientistas e empresas estão se unindo a essa tecnologia revolucionária para lutar contra algumas das doenças mais difíceis de tratar. Um exemplo disso é o trabalho de Alex Zhavoronkov, CEO da start-up Insilico Medicine, que está na vanguarda da descoberta de medicamentos com a ajuda da IA.
Em uma recente videochamada, Zhavoronkov mostrou uma pílula verde, em forma de diamante, desenvolvida pela sua empresa para tratar a fibrose pulmonar idiopática (FPI), uma doença pulmonar rara e progressiva, para a qual ainda não se conhece a causa nem a cura. Embora o medicamento ainda não tenha sido aprovado, estudos clínicos preliminares mostraram impressionante eficácia no tratamento da doença.
Mas, o que torna essa descoberta tão significativa? Bem, o uso da IA no processo de criação de novos medicamentos está se tornando uma das áreas mais promissoras da biotecnologia. Segundo Zhavoronkov, embora ainda não tenham conseguido aprovar a primeira molécula descoberta e projetada pela IA, eles estão “mais avançados no caminho” do que qualquer outro grupo. Isso marca o início de uma grande corrida no setor farmacêutico, onde empresas de todos os tamanhos estão utilizando a IA para realizar um trabalho que, até recentemente, era responsabilidade dos químicos medicinais.
Entre os novos atores nessa corrida, encontramos a Alphabet, empresa-mãe do Google, que lançou a Isomorphic Labs, uma empresa dedicada à descoberta de medicamentos com a ajuda de IA. Seu CEO, Demis Hassabis, foi laureado com o Nobel de Química deste ano por um modelo de IA que pode, um dia, revolucionar a forma como novos tratamentos são projetados.
Mas, afinal, o que a IA pode trazer de diferente na descoberta de medicamentos? Para especialistas como Chris Meier, do Boston Consulting Group, a IA pode ser responsável por uma “diferença enorme” no tratamento de pacientes, já que a descoberta de um novo medicamento costuma ser um processo longo e caro, levando de 10 a 15 anos e custando em média mais de 2 bilhões de dólares (R$ 12 bilhões).
Além disso, há um grande risco envolvido: cerca de 90% dos medicamentos que entram em ensaios clínicos falham. A esperança é que a IA consiga acelerar a descoberta de novos tratamentos, reduzindo o tempo e os custos e, claro, aumentando as chances de sucesso.
Essa era de inovação, com a IA no centro de tudo, também é compartilhada por Charlotte Deane, professora de bioinformática estrutural da Universidade de Oxford. Deane e sua equipe estão desenvolvendo ferramentas de IA de acesso livre que ajudam empresas farmacêuticas a aprimorar suas descobertas. Segundo a professora, “estamos no começo de como isso pode ser bom”. No entanto, ela observa que isso não deve reduzir a necessidade de cientistas farmacêuticos, mas, sim, ajudar a evitar as falhas caras no processo de desenvolvimento de medicamentos.
Um estudo recente da BCG mostrou que pelo menos 75 “moléculas descobertas por IA” entraram em ensaios clínicos, e mais estão previstas. (O fato de que elas agora estão indo rotineiramente para ensaios clínicos é um marco importante), comenta Dr. Meier. O próximo grande avanço será quando esses medicamentos começarem a sair de ensaios com resultados positivos.
Contudo, a grande questão que ainda está em aberto é o que exatamente define um “medicamento descoberto por IA”. Até o momento, todos os exemplos apresentados tiveram uma grande quantidade de participação humana no processo de desenvolvimento.
Como funciona a IA no processo de descoberta de medicamentos?
A descoberta de medicamentos com IA passa por duas etapas principais, e é exatamente aí que a tecnologia faz toda a diferença, explica Dr. Meier. A primeira delas envolve a identificação, no nível molecular, do alvo terapêutico que o medicamento se destina a corrigir. Por exemplo, em doenças como a fibrose pulmonar, pode ser um gene ou proteína que foi alterado de forma inadequada devido à doença.
Tradicionalmente, cientistas fariam experimentos em laboratório para identificar esses alvos com base no que já se sabe sobre a doença. Com a IA, grandes bancos de dados são analisados para identificar padrões e conexões, permitindo que novos alvos terapêuticos sejam sugeridos automaticamente.
A segunda etapa é o design do próprio medicamento. Para isso, a IA generativa, que é a mesma tecnologia usada no ChatGPT, é empregada para imaginar novas moléculas que podem se ligar ao alvo e ter um efeito terapêutico positivo. Isso elimina a necessidade de os químicos sintéticos criarem manualmente centenas de variações de moléculas, economizando tempo e recursos.
À medida que mais e mais empresas aderem ao uso da IA para descobrir novos medicamentos, estamos à beira de uma transformação no setor. Esse desenvolvimento não só poderá melhorar a rapidez com que novos tratamentos estão disponíveis, mas também aumentar a eficiência, diminuindo os riscos e custos associados à pesquisa de medicamentos.
Estamos observando um momento histórico para a indústria farmacêutica, onde a IA pode tornar o processo de descoberta de medicamentos mais eficaz e acessível. A realidade das novas tecnologias deve tornar os tratamentos mais rápidos, mais seguros e, o mais importante, mais acessíveis para pacientes ao redor do mundo. A jornada para a descoberta de tratamentos inovadores pode nunca mais ser a mesma.
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
- All Posts
- Ciência
- Esportes
- Internet
- Marketing
- Negócios
- Política
- Tecnologia
- Uncategorized
O vídeo de Nikolas Ferreira repercutiu nas redes sociais, alcançando mais de 180 milhões de visualizações em poucas horas. Mas…
A estratégia de cibersegurança holística para 2025 envolve a combinação de tecnologia avançada, como inteligência artificial, e a conscientização humana…
O Google está prestes a implementar mudanças significativas em suas políticas de segurança, com foco na proteção de seus usuários…
Explore as tensões recentes entre União Europeia e Estados Unidos devido às restrições de exportação de chips de IA (inteligência…
Descubra como os avanços na computação quântica prometem transformar o mundo da tecnologia!
A Adobe anunciou recentemente uma nova funcionalidade baseada em inteligência artificial que promete transformar tarefas intensivas de produção, como edição…